O SR. RODRIGO ROLLEMBERG (Bloco/PSB – DF. Pronuncia o seguinte discurso. Sem revisão do orador.) – Srª Presidente, Srªs e Srs. Senadores, prezada Senadora Lídice da Mata, assumo a tribuna, na tarde de hoje, para registrar a realização da 63ª Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência – SBPC, que está ocorrendo na cidade de Goiânia, na Universidade Federal de Goiás, desde o dia 10 de julho, portanto, desde domingo, e que vai até sexta-feira, dia 15 de julho. Ela tem como tema central: cerrado, água, alimento, energia.
Trata-se de um dos maiores eventos científicos do país que é realizado desde 1948, com a participação de autoridades, de gestores do sistema nacional de ciência e tecnologia, representantes das sociedades científicas e da comunidade acadêmica.
A Reunião é um importante meio de difusão dos avanços da Ciência nas diversas áreas do conhecimento e um fórum de debate político sobre as políticas de Ciência e tecnologia para o país. A reunião da SBPC retorna a Goiás nove anos após a realização da 50ª naquele Estado, realizada em 2002. E, pela terceira vez consecutiva, as discussões da Reunião Anual da SBPC estarão voltadas às questões relativas à biodiversidade nacional. Foi Amazônia, em 2009; o mar, em 2010; e, nesta edição, será o cerrado.
E não há tema mais propício para ser debatido, neste momento, pela comunidade científica nacional do que o cerrado brasileiro, especialmente colocando a sua múltipla diversidade, como região produtora de águas, produtora de alimentos, produtora de energia e detentora de uma imensa biodiversidade.
O cerrado ocupa dois milhões de hectares, 24% do território nacional, e abriga um terço da biodiversidade brasileira, sendo a savana mais biodiversa do mundo. Segundo a pesquisadora Mercedes Bustamante, aqui da Universidade de Brasília e do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, existem no cerrado brasileiro em torno de 12 mil espécies de plantas, das quais 4.400 são endêmicas, que só existem na região do cerrado, portanto preciosas do ponto de vista do seu material genético, porque adaptadas a uma região com períodos muito longos de estiagem, com mudanças grandes de temperatura entre o dia e a noite. E nos genes dessas plantas adaptadas a essa região do cerrado pode estar a solução para uma agricultura ainda mais produtiva no futuro, por meio do uso da biotecnologia, com plantas adaptadas a esses grandes períodos de estiagem e a essas grandes mudanças de temperatura.
Mas o cerrado também é a grande caixa d’água do Brasil. Setenta por cento das águas das bacias do Paraná, da bacia do Tocantins e da bacia do rio São Francisco nascem na região do cerrado, o que torna estratégico para o País a preservação dessa região, desse bioma. E é importante, porque o cerrado além de ter um grande potencial e ser hoje o grande celeiro, o grande produtor de alimentos de Brasília e ser um grande potencial na produção de agroenergia, nós também temos essa biodiversidade fantástica que precisa ser conhecida e utilizada de forma inteligente e sustentável. E embora detentor de toda essa riqueza, o cerrado é o bioma brasileiro que mais vem sendo desmatado nos últimos anos.
Nós conseguimos construir uma grande unidade nacional e internacional em defesa do bioma amazônico, mas não temos conseguido a mesma eficiência no que se refere à proteção do cerrado brasileiro. E isso é absolutamente indispensável para o futuro da qualidade de vida do Brasil. É preciso ampliar, e muito, as áreas preservadas no cerrado, as áreas protegidas no cerrado.