Atualizado em :13/10/2009
A evolução socioeconômica do Brasil e a pré-candidatura de Ciro Gomes
Neste artigo, Rollemberg fala abertamente sobre os dados que contribuíram para a "virada social" do Brasil e sobre o comprometimento de Ciro Gomes com o desenvolvimento nacional baseado na redução das desigualdades sociais
Entre 1998 e 2008, caiu de 32,4% para 22,6% o percentual de famílias vivendo com até meio salário mínimo per capita. Esse é um dos dados da Síntese de Indicadores Sociais, publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que representam um importante avanço do nosso país no combate à pobreza.
A última Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), por sua vez, destacou: de 2003 a 2008, 31 milhões de brasileiros subiram de classe social, dentre os quais 19 milhões e 400 mil deixaram a classe E, ao mesmo tempo em que 1 milhão e 500 mil saíram da classe D, resultados combinados que determinaram uma redução de 43% no contingente da nossa população que compõe o grupo DE, ou seja, o dos mais pobres do país.
Já as estatísticas referentes ao mercado de trabalho indicam que, em 2008, o desemprego foi o menor em seis anos e que agosto de 2009 foi o melhor agosto em geração de empregos com carteira assinada, desde quando foi instituído o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), em 1965. Assim, ao lado do impacto do Bolsa Família e dos aumentos reais do salário mínimo, o fortalecimento do mercado interno vem sendo puxado fortemente pela expansão do emprego.
Isso tudo é parte de uma "virada social” do Brasil. Ela foi prenunciada com a implantação, em 1994, do Plano Real, que deteve o processo de corrosão do poder de compra da maioria dos brasileiros, causado pela inflação. Mas a virada estancou, devido à timidez dos programas sociais dos governos FHC e ao baixo crescimento econômico do país àquela época. Ela foi retomada a partir de 2001, em função de uma taxa crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) em 2000, de 4,53%; entretanto, foi mais uma vez frustrada, por do incremento medíocre do PIB em 2001 e 2002.
Nos mandatos do presidente Lula, somente em 2003 o PIB foi especialmente decepcionante; nos outros anos, o sucesso no combate à pobreza tem sido garantido pelo vigor dos programas sociais do governo e por um crescimento econômico promissor, embora ainda não plenamente à altura do potencial do país.
É possível estabelecer uma certa correlação entre essa evolução socioeconômica e os pleitos presidenciais, nos últimos 15 anos: FHC foi eleito em 1994, principalmente porque sua imagem estava associada ao Plano Real; reelegeu-se pelo mesmo motivo em 1998; já em 2002 não conseguiu fazer seu sucessor, porque o balanço socioeconômico de seus oito anos de governo deixou muito a desejar; já Lula, que mantém uma performance socioeconômica bastante superior, conseguiu se reeleger e é, hoje, um dos presidentes mais populares da história do Brasil.
Esses dados ajudam a explicar a queda do oposicionista José Serra nas pesquisas de intenção de voto para 2010 e a solidez da posição de Ciro Gomes, sempre girando em torno da segunda colocação desde o início do ano passado, e agora em clara tendência de alta.
Ciro participou do Plano Real desde o começo; rompeu com o PSDB, em virtude das inclinações neoliberais desse partido, causa maior de nossa fraquíssima performance econômica na década passada; foi ministro do primeiro mandato de Lula e é defensor intransigente das realizações socioeconômicas deste governo, tendo sido talvez a primeira liderança nacional a defender que as políticas sociais atualmente em vigor sejam transformadas em políticas de Estado, menos vulneráveis, portanto, a uma eventual recaída neoliberal que venha atingir o Brasil no futuro.
Ao mesmo tempo, Ciro vem contagiando plateias com sua defesa de um projeto de desenvolvimento nacional baseado na redução das desigualdades sociais e regionais, nos investimentos em ciência, tecnologia e educação, na melhora de nossa pauta de exportações, que conta ainda hoje com uma presença relativamente pequena de produtos com alto valor agregado, e numa prática política mais caracterizada pelas alianças programáticas do que pelas barganhas fisiológicas.
Por tudo isso, a pré-candidatura de Ciro Gomes tem servido para expressar duas convicções profundamente arraigadas no nosso povo: a) não podemos recuar um milímetro em relação ao que já conquistamos; b) é preciso ir muito além.
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